Eu sempre quis ter uma casa, ou melhor, morar numa casa pelo clima bucólico — tem, né? — e pela possibilidade de ter uma escada no meio da sala. São atrativos importantes, mas meu objetivo principal vai além. O negócio, minha gente, é nunca mais ter que suportar moradores de condomínio.
Convenhamos que morar num condomínio é deveras irritante. Eu sou do tipo anti-social e adquiri um péssimo hábito com o meu pai. Eu, antes de abrir a porta, vou ao olho mágico ver se tem alguém lá fora esperando o elevador. Se tiver, eu sento e espero a pessoa ir embora e só depois saio de casa.
Coisa feia, eu sei, mas é que eu realmente não me interesso em fazer amizades, nem descer pro play — já passei da fase, não? — e muito menos em participar de reuniões de condomínio. O problema é que os outros moradores não aceitam minha opção, acreditando que todos nós, moradores do condomínio, deveríamos nos unir como uma equipe, um time, uma seleção e lutar contra os lactobacilos vivos*.
Enfim, algumas coisas me irritam MUITO em moradores de condomínio. Tanto que resolvi listar:
1. Conversas de elevador. É um tal de “nossa, mas a chuva não para em Salvador, hein?” ou um tal de “que trânsito infernal, não é mesmo?” que haja paciência. Para cortar sem ser tão mal educado, só mesmo os pequenos grunhidos de “uhum” e risadinhas tímidas que significam “ok, mas cale a boca e me deixe em paz com meus pensamentos!”
2. Boas praça. Ah, sempre tem aquelas pessoas que são as mais simpáticas do condomínio e simplesmente não entendem porque SÓ VOCÊ não tá nem um pouco afim de ser amiga delas. Não tem jeito, aí você tem que ignorar a pessoa e não dar trela quando ela consegue chegar a meio metro de você contando como a vida está difícil.
3. Cachorros. Quem me conhece há muito tempo sabe que meu drama com os animaizinhos acabou. Eu agora gosto deles e tudo mais, mas acho um total absurdo manter cachorros em apartamento. Os pequeninhos ainda vai, mas, aqui no condomínio, tem uma cadela igual àquela Priscila da TV Colosso. Ah, mas me poupem! Eu não sou obrigada a entrar no elevador com um cachorro desse tamanho! O dono mal consegue segurar a dita pela coleira! E outra, eu agora gosto de cachorros, mas antes não, e existem pessoas que também não. Portanto, RESPEITEM!
4. Síndicos. Como eu já mencionei, não participo de reuniões de condomínio. Mas a síndica não se conforma e basta me encontrar pra pedir uma opinião. Da última vez, ela veio me perguntar se eu tinha gostado da nova cor do hall de entrada do prédio. Detalhe: meu prédio é vinho, cinza e branco, bem bonito, e o hall é uma variação de AZUL TURQUESA. O que eu fiz?
– Você gostou, Lari?
– Uhum.
5. Por fim, tem as mães que querem aproximações familiares visando alguma união estável no futuro, ou sei lá o que. Aí pode ser a 49ª ou a 60ª vez que me encontram, mas sempre perguntam o que eu faço da vida e se surpreendem com minha suposta inteligência.
– Você cursa o que?
– Jornalismo.
– Na UFBA?
– É.
– Nossa, é estudiosa mesmo! O Fernandinho faz direito na Faculdade da Cidade, sabe? Já ta estagiando, quer seguir a área penal…
– Uhum.
*Eu sei o que são lactobacilos vivos, antes que me chamem de burra. Eu só acho um nome legal a ser combatido, tá?
maio 22, 2009
Categorias: Coisas irritantes . . Autor: Larissa Oliveira . Comments: 8 Comentários